Reformando as Utopias por José Sette


Estou chocado com a eleição e com a pseudo-ética que formaliza a democracia capitalista brasileira.
As aberrações que podemos observar na prática eleitoreira tem se mostrado incomensurável na avaliação dos candidatos concorrentes e seus partidos aproveitadores. O povo influenciado pela mídia, noticiários e programas de rádio e tevê, continua não sabendo em quem votar. Tiririca, Romário, Garotinho, Wagner Monte, são os campeões de voto, segundo as pesquisas. Antes, Clodovil, Maluf, Enéas, dominavam o cenário midiático sem nenhum benefício de suas atuações ao processo político de libertação do nosso povo.

Eles todos são os representantes do espírito brasileiro da esculhambação, da pilhéria e do mal dizer. Aliais o nosso povo quando não pode consertar ou transformar, ele tenta esculhambar, anarquizar. É o sentimento de revolta que passa na cabeça de todos nós, quando a outra opção que se tem nem é sempre o que se deseja de fato. O voto inútil. O fenômeno Cacareco faz parte disso. Acho um direito de o povo elegê-los, com todos os votos de quem quer para quem vai esculhambar o que não está direito.

Mas nisso tudo o que não é direito são os eleitores carregarem nas legendas dos partidos que apóiam os despreparados a possibilidade de com os Cacarecos seguirem todo o zoológico.
Quanto a esculhambação, meu pai me dizia que em 1939, ele assistia nos cine jornais da época, o poder da Alemanha no desfile sincronizado, harmonioso, perfeito, representados no balé bélico dos soldados nazistas com seus uniformes cortados na medida, suas calças impecáveis caindo em uma mesma posição sobre suas botas brilhando, era assustador. Mas quando um corte na imagem do cine jornal apresentava o contraponto no desfile dos seus seguidores no Brasil, onde centenas de integralistas comandados por Plínio Salgado marchavam na Avenida Rio Branco, sem nenhum sincronismo no movimento, praticamente andavam, conversavam uns com os outros, usavam diferentes sapatos esportivos, camisas verdes e calça de qualquer cor, o povo brasileiro gozador conseguia esculhambar até a rigidez do nacional socialismo alemão.



Assim o Brasil, que é feito pela mistura de todas as raças, um país sério dentro de uma desordem incontrolável, precisa de reformas urgentes e inovadoras. Parafraseando Tancredo Neves, em depoimento ao meu filme Liberdade: “brasileiro radical não existe, se ele é brasileiro, ele não é radical, mesmo ele tendo nascido no Brasil”. No mesmo filme Luis Carlos Prestes, em uma entrevista, nos diz que se um dia soldados estrangeiros invadirem o nosso território, esse povo dolente, se bem informado, vai se unir radicalmente, com coragem na inaudita luta, sem trégua, para expulsar o invasor...



É preciso mostrar a todos que nós já estamos sendo invadidos e escravizados e ninguém fala sobre isso. Essa dualidade nacional precisa ser entendida. Quando um candidato se deixa mais radical em suas opiniões ele não é entendido pelo eleitor. Mas o eleitor precisa saber o quanto invadido está sua mente, seu pensamento, seus direitos, sua vida, por forças de uma cultura estrangeiras que de maneiras claras e objetivas dominam grande parte do nosso território, tanto físico quanto mental.



Uma reforma política, se um dia existir, tem que se inovadora, tem de ser única. A verdadeira democracia tem de acabar com todos os partidos políticos. Com todo radicalismo burocráticos que dele advém.Todo brasileiro pode ser candidato, todo eleitor pode ser votado. Assim Tiririca vai com milhões de voto ser eleito, mas vai sozinho. Garotinho e Wagner Monte também.



Um partido político engessa a expressão política pois são sempre dominados por panelinhas e conchavos. Ele não elege ninguém e recebe todas as glórias e legendas? É preciso acabar com isso. Para mim, as eleições, depois de uma reforma política simples e radical, seriam assim:



1. No primeiro mês se elege os vereadores e os prefeitos. No segundo mês o governador e os deputados estaduais. No terceiro mês elege-se o presidente e os deputados federais Extingue-se a eleição para o Senado.

2. Só pode concorrer para deputado estadual quem já foi votado, eleito e cumpriu todo o mandato de vereador. Só pode concorrer para Governador quem já foi votado, eleito e cumpriu todo mandato de Prefeito. Só pode concorrer a presidência quem já foi votado, eleito e cumpriu todo mandato de governador. Não teremos candidatos à vice. Se um eleito faltar, elege-se outro.

3. Todos os meios de comunicação oferecerão a todos os candidatos o mesmo tempo de difusão de suas campanhas política. Acaba-se com a papelada e impressos de candidatos. Campanha limpa só pelos meios de comunicação.

4. Ao Senado caberá a inteligência dos estados brasileiros com dois representantes escolhidos por um colegiado a ser criado composto por representantes comprovados de expressão de sua cultura política, jurídica e artística. Ao Senado caberá legitimar as leis estabelecidas na Câmara e analisar e aprovar ou não os atos do executivo.

5. O Executivo só poderá nomear seus auxiliares; Ministros e Secretários, entre aqueles que foram eleitos deputados estaduais, federais ou se forem senadores.

6. Um Senador pode concorrer a qualquer cargo eletivo, bastando que ele cumpra todo o seu mandato no Senado.

7. Todos os mandados serão de oito anos, sem direito a reeleição.

Como podemos ver com essa reforma acabaremos com a falácia que se tornou as agremiações políticas neste país. Quando se fala em Brizola não se pensa PDT. Quando se fala em Prestes, não se pensa PCB, em Getúlio, não se pensa PTB, FHC em PSDB e nem no Serra, Lula também não pensa PT e Dilma nem se fala. Os outros se confundem no radicalismo boçal do conservadorismo e das utopias ideológicas seguindo regras pré-estabelecidas como se pertencesse a uma igreja dogmática onde a fé derruba montanhas.


Meu voto não mudaria nessa nova conjuntura. Dilma é a melhor que se apresenta. Lula foi o melhor que se apresentou, depois de Brizola. Hoje as opções para o governo do Rio e de Minas, onde eu voto, é mesmo de fazer rir... Vamos democratizar de verdade, fazendo de imediato as reformas necessárias no sistema de governo e na representação política. Reformas que deveriam defender de imediato os anseios de libertação do povo brasileiro.

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